Faroeste Caboclo é consagrado durante cerimônia do "Oscar Brasileiro"

O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, troféu de nome mais pomposo do circuito cinematográfico nacional, consagrou o filme “Faroeste Caboclo” em cerimônia realizada na noite de terça-feira (26/8) no Theatro Municipal do Rio. O primeiro longa do diretor René Sampaio venceu sete troféus. Além de Melhor Filme, rendeu os prêmios de Melhor Ator (para Fabrício Boliveira), Roteiro Adaptado, Montagem, Trilha Sonora, Som, Fotografia.

Fabrício Boliveira, Melhor Ator por Faroeste Caboclo
“Este é um filme muito pessoal, apesar de ser comercial”, disse René Sampaio em seu agradecimento, evocando sua juventude em Brasília, quando ouvia Legião Urbana, cuja música homônima inspirou o filme. Ele dedicou o prêmio à família de Renato Russo e aproveitou para fazer um apelo para que os filmes brasileiros fiquem por mais tempo em cartaz nos cinemas. “A gente sabe como é difícil”, reclamou.

A eleição da Academia Brasileira de Cinema também rendeu dois prêmios importantes para o drama “Flores Raras”, ainda que os premiados não lhes tenham dado tanta importância assim, enviando representantes para recebê-los. Gloria Pires venceu como Melhor Atriz e teve seu agradecimento lido pela filha Ana, e o troféu de Bruno Barreto, premiado como Melhor Diretor, foi recebido por seu pai, o produtor Luiz Carlos Barreto.

Apesar da denominação excelentíssima, os troféus do tal Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, que são na verdade batizados com o nome do ator Grande Otelo, têm sido habitual e ironicamente referenciados como “o Oscar brasileiro”. A ironia contempla os clichês de tapete vermelho, traje de gala e cerimonial que os cercam, além de se materializarem como a principal realização da chamada Academia Brasileira de Cinema – emulando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Sendo assim, em vez de Grande Otelo, seu velho parceiro Oscarito talvez rendesse um nome mais adequado aos troféus, ainda que nem ele seja um legítimo “Oscar brasileiro” – Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Diaz nasceu em Málaga, na Espanha.

Os apresentadores Caio Blat e Maria Ribeiro
Pretensão à parte, o evento na capital da Rede Globo lembrou mais um “Emmy brasileiro”, repleto de atrizes e atores de novelas, que responderam perguntas sobre televisão para a imprensa presente. Continua a ser muito significativo que filmes consagrados no circuito dos festivais de cinema, como neste ano “Tatuagem”, de Hilton Lacerda, e “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho – por sinal, o candidato do Brasil no “Oscar americano” – , não mereçam troféus da ilustre Academia. É apenas coincidência nenhum dos dois trazer o decisivo selinho de apoio da Globo Filmes.

Uma última e divertida ironia ainda chama atenção nos resultados da festa. A única vitória não comercial da noite foi justamente na categoria mais comercial. Recém-criada pela Academia Brasileira para homenagear o gênero mais popular do Brasil, nas palavras do presidente da entidade Roberto Farias, a categoria de Melhor Comédia consagrou um filme regional de produção independente, “Cine Holliúdy” – o “Titanic do Ceará”, por conta do sucesso que obteve no estado. O filme de Halder Gomes foi a única ficção a vencer produções da Globo Filmes. E duplamente. Também foi considerado o Melhor Filme pelo voto popular. E quer filme mais bem intitulado que “Cine Holliúdy” para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro?

Enfim, a cerimônia apresentada pelos atores Caio Blat (“Alemão”) e Maria Ribeiro (“Tropa de Elite”) com direito a performance e beijo, ainda rendeu homenagens à carreira do cineasta Domingos Oliveira (“Todas as Mulheres dos Mundo”), ao Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense (UFF) e, como no Emmy, teve um segmento de tributo aos nomes do cinema que morreram recentemente, ele eles José Wilker, Eduardo Coutinho e Virgínia Lane.

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