CERN anuncia partícula subatômica inédita que pode ser o Bóson de Higgs

CERN
Joe Incandela, responsável máximo pelo CMS, um dos experimentos do LHC, o acelerador de partículas do CERN (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) anunciou hoje (4) a descoberta de uma partícula que pode ser o Bóson de Higgs, a Partícula de Deus. O pronunciamento aconteceu em Genebra, na Suíça, como parte da Conferência Internacional de Física de Altas Energias (ICHEP 2012).

A equipe de pesquisadores do CMS lançou um sinal de 5 sigmas (probabilidade do resultado obtido). Para a comunidade científica, isso equivale ao padrão de ouro para o anúncio de descobertas. Portanto, há uma chance menor que 1 em 1 milhão de ser apenas uma coincidência. Diante disso, os cientistas anunciaram o dia de hoje como um momento histórico para a ciência e um dos mais importantes para física de partículas dos últimos 30 anos.

Rolf Heuer, diretor-geral do CERN anunciou que a humanidade atingiu um marco sobre nossa compreensão da natureza. Por sua vez, Sergio Bertolucci, diretor de Pesquisa do Centro, disse que é difícil não se empolgar com esses resultados. Porém, Incandela destacou que o resultado ainda é preliminar, apesar de os físicos acreditarem que a evidência é muito forte e sólida porque a partícula encontrada se comporta como o Bóson de Higgs.

A descoberta foi feita por pesquisadores do Atlas e do CMS, dois experimentos do LHC, com grupos de pesquisa que trabalham de forma independente em busca do Bóson de Higgs. A nova partícula está na região de massa 125-126 GeV (gigaelétron-volt, medida padrão para a massa de partículas subatômicas). Isso significa que a observação do Atlas da partícula foi em 126 GeV e a do CMS em 125 GeV. Portanto, a massa da partícula encontrada tem, aproximadamente, 130 vezes a massa de um próton.

Os físicos conseguiram detectar esse fenômeno a partir de colisões de partículas feitas no LHC, uma estrutura subterrânea sob a fronteira franco-suíça onde é possível simular as condições do Big Bang, explosão que teria dado origem ao Universo há mais de 14 bilhões de anos. Isso porque, segundo a teoria moderna do Modelo Padrão, o Bóson de Higgs e o campo energético a ele associado foram responsáveis por conferir massa à matéria após essa grande explosão.

Portanto, o Bóson de Higgs é uma das maiores descobertas que a física moderna pode fazer. Ao afirmar a sua existência, é possível comprovar a teoria do Modelo Padrão, capaz de mudar fundamentalmente o conhecimento da física sobre o Universo.

Com isso, a partir de agora, os físicos vão conduzir novos experimentos para observar se a partícula se comporta com as características esperadas do Bóson de Higgs. Portanto, o próximo passo será determinar a natureza exata da partícula e sua importância para a nossa compreensão do universo.

Anúncio do Fermilab
 

Físicos do Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), em Illinois, Estados Unidos, anunciaram na segunda-feira (2) que também encontraram uma forte evidência da existência do Bóson de Higgs, a partir de dados fornecidos com a colisão de partículas no acelerador Tevatron, acelerador de partículas do laboratório. No evento, Rob Roser, o porta-voz do Fermilab, anunciou um sinal de 2,9 sigmas.

NOTA:
O nome Partícula de Deus ficou popular após a publicação do livro "A Partícula de Deus: Se o Universo é a resposta, qual é a pergunta?", escrito em 1993 pelo físico Leon Lederman, ganhador do Prêmio Nobel.

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