Centenas de pessoas
enfrentaram a polícia chilena neste domingo em protestos contra uma
homenagem ao ex-ditador chileno, Augusto Pinochet, que foi realizada por
seus partidários em um teatro de Santiago, constatou um jornalista da
AFP.
"Assassino, Assassino!", gritavam os manifestantes nas proximidades do
teatro Caupolicán, no centro de Santiago, em protesto contra a
homenagem, que incluía a exibição do documentário "Pinochet", sobre a
obra do ex-ditador (1973-1990).
A polícia, que preparou uma forte operação para evitar distúrbios,
reprimiu com gases lacrimogêneos e jatos d'água os manifestantes e
evitou o avanço do protesto para as proximidades do teatro, onde estavam
mais de 1.000 simpatizantes do ex-ditador.
"A polícia está limitando nossos passos para que a atividade em
homenagem ao ditador possa ser realizada. Aqui está havendo uma
homenagem a um criminoso", disse Mireya García, vice-presidenta do Grupo
de Familiares de Detidos e Desaparecidos, ao canal de televisão CNN
Chile.
A homenagem foi organizado pela Corporação 11 de setembro, cujo nome
recorda o dia do golpe de Estado em 1973 contra o governo do presidente
socialista Salvador Allende. "Creio que na democracia temos todo o
direito de celebrar", disse o ex-militar Juan González, presidente da
Corporação 11 de setembro.
A ditadura deixou um saldo de mais de 3.000 vítimas, entre mortos e
desaparecidos. Nos dias prévios ao ato deste domingo, houve um árduo
debate sobre a permissão para se homenagear o ex-ditador.
O governo disse que não compartilha a iniciativa, mas que respeitava o
direito de reunião. A Justiça, no entanto, rejeitou um recurso judicial
que tentava evitar sua realização, estimando que não possui atribuições
para proibir um ato que se realiza em um recinto privado.
Os últimos pinochezistas defendem com paixão a figura do ex-ditador
chileno, nostálgicos de uma obra que, ao seu ver, não foi
reconhecida. "Sou grata pelo grande governo que ele fez, que nos deu
segurança e tranquilidade e por salvar a pátria do marxismo", disse
María González.
Após 40 anos desde o golpe de Estado de Augusto Pinochet, os defensores
do ex-ditador estão quase que completamente ausentes do cenário
político, sem representação parlamentar nem porta-vozes, mas gostam de
lembrar com nostalgia do período entre 1973 e 1990.
Longe dos 44% dos votos que Pinochet obteve no plebiscito que em 1988
selou o destino de sua ditadura, este grupo que se reúne semanalmente
para analisar a situação política do país e homenagear o general, crê
que o pinochezismo está mais vivo do que nunca.
Os seguidores de Pinochet exigem a libertação dos quase 70 militares presos por violações aos direitos humanos na ditadura.
Fonte: Cenário MT
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