O empresário acusado de envolvimento com o jogo ilegal, Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira, compareceu nesta terça-feira à CPI criada
para investigar esquemas de corrupção comandados por ele, mas se negou a
fazer declarações e a responder perguntas.
O contraventor estava
acompanhando de seu advogado e ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz
Bastos. Cachoeira usou seu direito de permanecer calado até se declarar
para um juiz, o que será feito em 30 de maio.
Acusado de
corrupção, fraude, associação para o crime e evasão fiscal, entre outros
crimes, Carlinhos Cachoeira está preso desde fevereiro na Penitenciária
da Papuda, no Distrito Federal.
"Fui aconselhado pelo meu
advogado a não dizer nada", declarou o empresário no começo da sessão,
quando ele utilizou apenas alguns segundos dos 20 minutos que tinha
direito para se pronunciar.
Esta foi a mesma resposta que ele
deu para cada uma das perguntas feitas durante quase duas horas pelos
parlamentares presentes na CPI, que investiga os supostos negócios do
empresário com os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de
Goiás, Marconi Perillo, e com autoridades policiais de várias regiões do
país.
Cachoeira também não respondeu quando foi perguntado
sobre suas ligações com o senador Demóstenes Torres, que deixou o
partido Democratas devido às acusações de corrupção e que enfrenta um
processo de cassação.
Cachoeira irritou vários parlamentares
com seu silêncio, mas se manteve firme, enquanto Márcio Thomaz Bastos
concordava com a cabeça a cada recusa.
Após quase duas horas
de perguntas sem respostas, a senadora Katia Abreu propôs a suspensão da
sessão, que classificou como "ridícula". A proposta foi aceita e a
comissão concordou em convocar Cachoeira em junho, após ele falar ao
juiz.
Entre as dúvidas que ficaram no ar, estão as relações do
contraventor com a construtora Delta, que venceu contratos milionários
em diversos estados, principalmente no Rio de Janeiro, cidade que está
se preparando para ser uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014 e para
receber os Jogos Olímpicos de 2016.
O governador do Rio,
Sérgio Cabral, é outro político que mantém estreitas relações com os
diretores da construtora, e suspeita-se de que ele poderia estar
envolvido no esquema de corrupção engendradro por Cachoeira.
As autoridades suspeitam que a Delta servia para lavar o dinheiro da
máfia do jogo e por meio de contatos políticos obtinha vantagens em
licitações públicas.
EFE