Água para Elefantes garante que Robert Pattinson não é um astro


É natural que Robert Pattinson tente firmar sua imagem fora da “Saga Crepúsculo”, onde interpreta o vampiro que brilha Edward Cullen. A franquia pode tê-lo projetado mundialmente, mas, trucidada pela crítica, não é garantia de carreira, além de estar com os dias contados – sua última parte já foi filmada. Seus colegas Kristen Stewart e Taylor Lautner também tentam alçar voo solo longe dali: ela, em papeis mais verdadeiros no cinema independente, e ele em filmes de ação e aventura que evidenciem seus atributos físicos.



Robert, curiosamente, investiu nos dramas, mas, até o momento, não conseguiu emplacar como o astro que os fãs de “Crepúsculo” enxergam. “Lembranças”, seu trabalho do ano passado, teve uma produção discreta e uma passagem pelos cinemas ainda mais insípida – abriu em 5º lugar e sumiu rapidamente de cartaz. “Água para Elefantes”, de orçamento bem mais ostentoso e pretensioso, abriu em 3º lugar nos EUA e abaixo do esperado.

Não que a crítica fique antecipando maravilhas de Pattinson como ator, mas dá-se muito crédito ao fascínio que ele exerce, como um daqueles atores venerados por multidões, que supostamente representariam o sucesso comercial de qualquer filme apenas por sua simples presença. A coleção de tropeços já leva a crer que o alcance de sua popularidade não vai além das menininhas obcecadas por “Crepúsculo”, que não o acompanham em papéis mais sérios, como, por exemplo, as fãs de Brad Pitt e Leonardo DiCaprio. Mas talvez seja injusto lhe responsabilizar pelo prejuízo de “Água Para Elefantes”.

Seu par romântico, Reese Witherspoon, também navega em sua própria maré de fracassos. Desde que ganhou o Oscar por “Johnny & June” (2005), ela tem tido dificuldades em corresponder ao prestígio da estatueta. No ano passado, Reese protagonizou a caríssima comédia “Como Você Sabe”, dirigida por James L. Brooks, que não arrecadou nem 25% de seu custo nas bilheterias (o filme, curiosamente, chega ao Brasil na mesma semana que “Água Para Elefantes”).

A atriz já não tem a mesma segurança como estrela, e é demasiadamente inadequada para o seu papel aqui – uma estrela de circo que se apresenta como domadora de cavalos. Além de baixinha e obtusa, não dá liga com Pattinson e eles jamais conseguem se firmar como um casal verossímel e levemente carismático. Em grande parte, porque o roteiro, adaptado do bestseller homônimo de Sara Gruen, não convence ao aproximá-los.

Na trama, o personagem de Pattinson teve de largar a faculdade de veterinária depois que os pais morrem em um acidente de carro e lhe deixam um punhado de dívidas; refugiando-se como clandestino em um trem, acaba conhecendo a trupe de um circo e conseguindo emprego na atração – primeiro, limpando estrume dos animais, e depois de ganhar a confiança do dono da atração (Christoph Waltz, de “Bastardos Inglórios”, em outro papel de maníaco), como veterinário.

Reese é justamente a companheira do dono do circo, um sujeito desequilibrado e homicida. Ela se aproxima de Pattinson porque ambos são sensíveis e dedicados com os animais – um romance tão pueril e inocente quanto o próprio filme.

O diretor Francis Lawrence (“Eu Sou a Lenda”) é um experiente condutor de vídeo clipes e tem uma percepção visual aguçada. Os elementos que cobrem cada milímetro da tela (figurino, cenografia, efeitos digitais) parecem colaborar para que “Água Para Elefantes” seja um filme plasticamente bonito – porém, só devem se emocionar com a história aqueles que se aterem à superfície aprazível e não tentarem encontrar conteúdo nos estratos da película.

Mesmo ambientado no início dos anos 1930, em plena Grande Depressão americana, o filme tem uma fotografia saturada e calorosa, e um clima indelével de otimismo que não condiz com o estado de espírito dos personagens – e do país – em boa parte da narrativa. Tudo no escopo da produção parece datado e ultrapassado, como se o projeto tivesse sido engavetado há 70 anos pelo estúdio e revivido sem que fossem feitas as alterações necessárias, atualizando a imagem idílica com muito mais sujeira, sordidez e maus tratos para melhor refletir a realidade.

À Robert Pattinson e Reese Witherspoon, deseja-se mais sorte na próxima tentativa de se provarem relevantes.





Fonte: Pipoca Moderna

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