Dilma Rousseff (PT) perdeu votos particularmente entre os eleitores evangélicos durante o mês de setembro e, no mesmo período, sua rejeição nessa parcela do eleitorado aumentou mais de 50%.
José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) se beneficiaram com esse deslocamento.
A intenção de voto do tucano entre os evangélicos saltou de 21%, no dia 26 de agosto, para 31% em 23 de setembro (tinha 28% no total da população, segundo o Ibope). Marina, por sua vez, passou de 13% para 18%, contra 12% no total.
De acordo com o levantamento do Ibope, os evangélicos representam 20% do eleitorado brasileiro. Isso significa que os sete pontos perdidos por Dilma nesse segmento representam 1,4 ponto no total da população (margem de erro de dois pontos).
Em uma eleição como a deste ano, pequenas oscilações podem definir se haverá ou não segundo turno. Por essa razão, Dilma convocou reunião de emergência com líderes religiosos para tentar estancar a sangria eleitoral.
Segundo o sociólogo Antônio Flávio Pierucci, da USP, é preciso cuidado ao afirmar que se trata de um "voto evangélico". Ele, assim como outros especialistas ouvidos pela Folha, dizem que a religião nunca foi uma variável importante para o eleitor.
"Existe um discurso quase mitológico que procura demonizar Dilma. Há um medo, a meu ver infundado, de que seu governo venha a restringir os meios de comunicação, que são o oxigênio do crescimento dessas igrejas."
Segundo Pierucci, é essa "suposta ameaça à existência física das igrejas evangélicas" que explica a movimentação dos pastores.
"A radicalização não pode ser compreendida como se fosse apenas a discussão de ideias religiosas contra o aborto e o casamento gay. Existe a fantasia de uma ameaça concreta."
Fonte: Primeira edição